Iremos às urnas em 2024. Teremos as esperanças renovadas ou veremos nos resultados mais do mesmo? Mesmo em tempos difíceis, a esperança deve ser seu guia. Senão é tudo cinza e amargo. Dito isso, vamos ver o que nos anima, refletir sobre os tropeços da política e construir estratégias e discursos que possam tocar as pessoas nos seus interesses imediatos e futuros, porque como diz o rapper Emicida, é tudo pra ontem.
Mais mulheres negras na política
Iremos às urnas em 2024. Teremos as esperanças renovadas ou veremos nos resultados mais do mesmo? Mesmo em tempos difíceis, a esperança deve ser seu guia. Senão é tudo cinza e amargo. Dito isso, vamos ver o que nos anima, refletir sobre os tropeços da política e construir estratégias e discursos que possam tocar as pessoas nos seus interesses imediatos e futuros, porque como diz o rapper Emicida, é tudo pra ontem.
Ainda que as mudanças venham em conta-gotas, uma pauta certamente me anima: votar em mulheres negras comprometidas com a ampliação e o fortalecimento dos direitos e com as políticas para as pessoas negras, enfrentando assim um problema estrutural da sociedade brasileira.
Há muitos obstáculos para que essas mulheres sejam eleitas e exerçam seus mandatos no executivo, nas câmaras e nas assembleias legislativas. O primeiro é o enfrentamento da violência política organizada pela extrema direita, tanto on-line quanto off-line. Isso requer redes de apoio, proteção jurídica e a defesa pública dos partidos frente aos setores anti-democráticos da sociedade.
O outro problema é quanto um partido aposta nessa ideia, dando dinheiro e infraestrutura para que seja possível ampliar o número de mulheres, em especial mulheres negras nesses espaços. Das 91 mulheres eleitas para a Câmara Federal em 2022, 29 são mulheres negras, ou seja, 31%. Na última legislatura foram eleitas 311 mulheres, contra 1.398 homens para a Câmara dos Deputados, Senado, Assembleias Legislativas e governos estaduais.
Um escândalo noticiado várias vezes são as candidaturas laranjas e as falhas da heteroidentificação. Nesse ano, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) inseriu regras com diversos critérios objetivos para caracterizar fraudes na cota de gênero. Então, a próxima tarefa da sociedade civil crítica é monitorar.
Embora muitos digam que não querem saber de política, suas consequências inescapáveis estão ao nosso redor todos os dias e afetam nossa vida e escolhas. As próximas eleições serão o termômetro para percebermos o alcance do pensamento fundamentalista e reacionário na sociedade brasileira. Não está sendo fácil manter a democracia e retirar um pouquinho dos ganhos dessa turma da extrema direita, que tem cada vez mais apetite por recursos e poder.
Marielle Franco dizia da tribuna da Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro frase icônica: “não serei interrompida”. Sigamos o exemplo desse símbolo da política para mulheres negras, exigindo respeito, recursos e políticas.